A criança que convive com o abandono afetivo do pai, pode experimentar consequências psicológicas graves e muitas vezes, irreversíveis. Esta negligência experimentada por famílias atípicas, que enfrentam o desafio de criar um filho com deficiência, é ainda mais cruel, visto que impõe a mãe o papel solitário de lutar para garantir o atendimento adequado.
Um dado preocupante do Instituto Baresi revela que o abandono emocional paterno em relação a crianças com doenças raras chega a 78%. Evidenciando assim que a sociedade ainda percebe a maternidade como uma obrigação da mãe enquanto a paternidade uma simples opção, tirando assim, toda a grandeza do título de pai que só se revela quando a associamos com cuidado, proteção e presença.
Na esteira desta triste realidade, a prevenção ao abandono paterno tem se mostrado mais eficaz quando há uma maior implementação do atendimento multidisciplinar na rede pública de saúde. Sabemos que não existem justificativas para a rejeição afetiva, contudo, a presença de profissionais capacitados para, além de darem o diagnóstico, também auxiliar os pais e mães a lidarem com o luto da perda do filho "ideal" - uma projeção muitas vezes baseada em expectativas imaginárias - e a aceitar a realidade presente, se mostra indispensável.
É comum ver soluções terapêuticas focadas na problemática da criança e esquecer que os pais também precisam ser incluídos no atendimento. Isso possibilitará uma melhor expressão e elaboração de sentimentos, bem como a busca por soluções que contribuam para a reestruturação familiar e, não sendo possível evitar o desamparo por parte do pai, a mãe tenha acolhimento especializado.
Uma reflexão necessária para o mês de agosto que abrange tanto o Dia dos Pais quanto a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla é o reconhecimento que, apesar do glorioso trabalho das mães atípicas na luta em garantir os direitos do filho deficiente, essa luta não deve ser enfrentada isoladamente; o pai deve ser um ator ativos nesse processo.
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