Desde maio, poucos escapam de confundir os termos “enchente” e “pandemia” ao se referir a um dos dois eventos que marcaram nosso Estado. A suspensão da rotina e a mudança drástica no mundo que conhecíamos são fatores comuns em ambas as tragédias. Contudo, se no surto de Covid-19 a casa era um porto seguro contra o vírus, após a enchente esse local de segurança deixou de existir para muitos gaúchos, especialmente para aqueles que perderam tudo com a subida das águas.
Durante o período crítico das enchentes, diversos órgãos, conselhos e associações, além de inúmeras pessoas, mobilizaram-se para prestar atendimento emergencial à saúde mental dos atingidos. No entanto, após a fase inicial de crise, emergem novos desafios. A pesquisa em andamento na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e no Hospital de Clínicas de Porto Alegre revela um aumento significativo de Transtorno do Estresse Pós-Traumático, ansiedade, depressão e esgotamento profissional (burnout) entre os afetados.
Além disso, dados do governo estadual já indicavam que o Rio Grande do Sul tinha o maior índice de suicídios no país antes da tragédia. Agora, a situação é ainda mais alarmante, com a possibilidade de aumento desses números. O desastre climático não afetou apenas a moradia, mas também a saúde mental da população. Especialistas alertam que níveis elevados de ansiedade e depressão podem precipitar pensamentos suicidas.
Neste Setembro Amarelo, é imperativo reconhecer que os limites da nossa sanidade estão sendo severamente testados. É essencial que o Estado implemente políticas públicas eficazes para atender à demanda reprimida por tratamento psicoterapêutico. Devemos garantir que todos aqueles afetados pelas enchentes recebam o apoio necessário para superar este momento difícil e encontrar a recuperação e a esperança que tanto necessitam.
Eliana Bayer
Deputada Estadual
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